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A Cigarrinha-da-raiz (Mahanarva fimbriolata) é um inseto sugador, da Ordem Hemíptera, sendo uma das pragas mais importantes na cana-de-açúcar. Ataca também a cultura do milho, do arroz, do sorgo. Está distribuída praticamente por todo o país, sendo que sua ocorrência no estado de São Paulo é considerada a mais séria, principalmente em pastagens. Com a proibição da queima da cana-de-açúcar no estado de São Paulo, observou-se um aumento populacional da praga, causando prejuízos que podem atingir 60% em produtividade e na qualidade da matéria prima.
Além do Brasil, a Mahanarva fimbriolata também está presente nas ilhas de Trinidad & Tobago, nas Américas do Norte, Central e do Sul, em Granada, Jamaica e Cuba.
Ciclo
O ciclo biológico completo de M. fimbriolata varia de 63 a 79 dias, isso ocorre devido ao fato de a dinâmica populacional ser fortemente afetada por fatores climáticos, influenciando na duração do ciclo de vida e no potencial reprodutivo das fêmeas.
Os ovos são fusiformes, de cor amarela e medindo cerca de 1mm de comprimento por 0,25mm de largura. O período de incubação normal é de 15 a 25 dias. Após a eclosão, as ninfas medem apenas 1mm de comprimento, ficam protegidas por uma espuma e se deslocam para as raízes e radicelas, onde se fixam para realizar a sucção da seiva, permanecendo neste instar por 20 a 70 dias, a depender das condições microclimáticas do solo.
Os adultos tem de 11 a 12mm de comprimento, e 5mm de largura, podendo atingir tamanho maior. A longevidade dos adultos varia de 8 a 20 dias. Nessa fase, vivem na parte aérea das plantas e se alimentam através da sucção da seiva das folhas, tendo preferência por aquelas mais tenras. Do entardecer à noite, os adultos são mais ativos, enquanto que durante o dia se alojam nas bainhas foliares ou cartuchos das plantas.
As fêmeas geralmente são maiores que os machos e possuem coloração geralmente mais escura, tendendo para tons de marrom-avermelhado, enquanto que os machos são avermelhados. As fêmeas depositam os ovos nas bainhas secas próximas ao solo, na época mais úmida do ano.
Danos
As ninfas ao realizar as picadas para se alimentar, atingem vasos lenhosos das raízes, e acabam dificultando ou mesmo impedindo o fluxo de água e nutrientes. Com isso, há a morte das raízes, desidratação do floema e xilema, que desencadearão em colmos ocos, bem como afinamento e aparecimento de rugas na superfície externa.
Os adultos por sua vez, injetam toxinas que produzem pequenas manchas amarelas nas folhas, que posteriormente ficam avermelhadas, e por fim, opacas reduzindo a capacidade de fotossíntese e o conteúdo de sacarose do colmo, consequentemente. Além disso, a perfuração dos tecidos por estiletes infectados provoca contaminações por microrganismos no líquido nutritivo, acarretando em deterioração de tecidos nos pontos de crescimento do colmo e, posteriormente, dos entrenós as raízes subterrâneas. Essa deterioração apresenta coloração escura, e se caracteriza por ser aquosa, iniciando pelas pontas da cana, evoluindo para a morte do colmo.
Controle
Deve ser iniciado com o monitoramento da praga no início do período chuvoso e mantido durante todo período de infestação. Deste modo é possível verificar a evolução ou controle de praga. O NDE (nível de dano econômico) é de 20 ninfas por metro linear de sulco, e de 1 adulto por cana. Já o NC (nível de controle) é de duas a quatro ninfas por metro e 0,5 a 0,75 adulto por cana.
O monitoramento é indispensável para decisão da estratégia de controle, sendo que quando é detectada a primeira geração, é possível controlar de forma mais eficiente, principalmente através do fungo Metarhizium anisopliae. Contudo, no caso da aplicação do fungo, o NC a ser considerado é alterado para uma ninfa por metro linear, ou logo que se observe as primeiras ninfas atacando a cana nos meses de setembro a outubro, visto que o controle biológico necessita de mais tempo para agir.
Há também variedades resistentes, que podem ser empregadas no controle, interferindo diretamente no plantio, época de colheita e sistema de controle a ser adotado.
Este artigo teve como referências https://www.koppert.com.br/desafios/psilideos/mahanarva-fimbriolata/ https://www.grupocultivar.com.br/artigos/como-controlar-cigarrinha-na-cana http://www.biologico.sp.gov.br/uploads/files/pdf/tecnologia_sustentavel/cigarrinha_raiz_cana_acucar.pdf