Guia rápido #19: Dalbulus maidis, a Cigarrinha do milho.

Foto: Dirceu Gassen

A Dalbulus maidis, popularmente conhecida como Cigarrinha do milho, é uma praga que ocorre na cultura do milho, causando perdas de 70% ou mais em várias regiões do país.

Essa espécie pertence a Ordem Hemiptera e família Cicadellidae. É uma praga bem adaptada às condições tropicais do Brasil. Se reproduz somente no milho, estando presente em áreas de primeira safra quanto de segunda safra e possui a capacidade de migrar a longas distâncias. Pode colonizar desde campos recém germinados (vindo de outras lavouras de milho) até o florescimento, tendo um aumento da população ao longo dos estádios da cultura, provenientes de novas gerações e também de entradas continuas de adultos, principalmente quando há cultivo de milho nas imediações, sendo o pico populacional entre 20 a 30 dias após o plantio .

Os adultos possuem a coloração amarelo-pálido com duas manchas pretas na parte dorsal da cabeça e asas semitransparentes, medindo cerca de 3,5 a 4,5 mm e vivem em média 52 dias. As fêmeas realizam a postura no limbo foliar ou na nervura central das folhas de plântulas de milho, colocando cerca de 400 a 600 ovos, com temperatura ideal de incubação em torno de 26 a 28ºC e duração entre 8 a 10 dias. Os ovos são quase transparentes, de coloração esbranquiçada, tendo aproximadamente 1mm de comprimento.

As ninfas vivem dentro do cartucho, passam por 5 instares, sendo que essa fase dura de 14 a 16 dias. São altamente influenciadas pela temperatura, não eclodindo em temperaturas abaixo de 20ºC. Elas permanecem estáticas, onde ficam se alimentando da folha e se movem apenas se forem incomodadas.

 

Danos

A Cigarrinha do milho (Dalbulus maidis) causa injúrias nas plantas de milho através da alimentação, onde fazem a sucção da seiva, porém o dano mais expressivo causado pelo ataque dessa praga é indireto, pois ela transmite patógenos que vão causar o enfezamento pálido e enfezamento vermelho do milho, e também a virose do raiado fino. A praga ao se alimentar de uma planta infectada, torna-se vetor do patógeno, transmitindo posteriormente para uma planta sadia.

Enfezamento pode ser vascular ou sistêmico sendo que plantas com a doença podem ser pequenas e improdutivas, ter espigas pequenas e falhas na granação, possuir os internódios curtos, sem falar que formam menos raízes que plantas sadias, reduzindo a absorção e assimilação de nutrientes pela planta. Essa doença é causada por microrganismos da classe dos Mollicutes, conhecidos como espiroplasma e fitoplasma.

O enfezamento pálido é causado pelo Spiroplasma kunkelii, onde ocorre o aparecimento de estrias cloróticas da base para o ápice das folhas, enquanto que o enfezamento vermelho é causado pelo Maize Bushy Stunt Phytoplasma, tendo como característica o avermelhamento das folhas a partir das margens e do ápice, seguido por folha seca. Os sintomas aparecem na fase reprodutiva.

A virose do raiado fino causa uma redução no crescimento e abortamento das gemas florais, sendo que os sintomas aparecem entre 7 e 10 dias após a inoculação, iniciando com pequenos pontos cloróticos na base e ao longo das nervuras das folhas jovens, tornando-se evidentes com a grande quantidade de pontos cloróticos que se fundem e tomam o aspecto de riscas curtas. Geralmente ocorre simultaneamente com os enfezamentos.

 

Controle

 

O controle é iniciado desde o surgimento dos primeiros indivíduos até o estádio V8 da cultura. Em estádios mais avançados o controle é feito para evitar a migração do inseto para outras áreas.  O uso de estratégias integradas de manejo para controle da praga é recomendado, sendo que o manejo de forma isolada não é efetivo para o controle de Cigarrinha.

Como os principais danos são causados através das doenças, utilizar cultivares resistentes ao enfezamento é indicado.

Tratamento de sementes com produtos a base de neonicotinoides pode controlar a praga nos estádios iniciais da cultura.

Como controle biológico, existem dois parasitoides registrados para o controle de ovos (Anagrus breviphragma e Oligosita spp) e também a utilização do fungo entomopatogênico Beauveria bassiana.

No tratamento químico, fazer aplicações na parte aérea da cultura, porém quando a pressão do inseto e/ou inóculo está alta, é necessário fazer a complementação com aplicações foliares. Os principais ingredientes ativos utilizados para o controle da D. maidis são imidacloprido, acefato, tiametoxam, lambda-cialotrina e clotianidina.

Por ser uma praga específica do milho, a rotação de cultura é uma forma interessante a ser adotada. Se atentar também na eliminação de milho tiguera que podem ficar presentes na entressafra.

Este artigo teve como referências:

https://sementesbiomatrix.com.br/blog/manejo-de-pragas/cigarrinha-do-milho/

https://www.dekalb.com.br/pt-br/noticias/cigarrinha-do-milho.html

https://www.grupocultivar.com.br/artigos/cigarrinha-do-milho-e-a-transmissao-de-doencas-que-afetam-a-produtividade

https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/1019197/1/circ209.pdf

http://www.nortox.com.br/wp-content/uploads/2018/03/informativo-artigo-06-Alessandro.pdf

 


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